
Quando eu era adolescente, uns anos atrás, adorava curtir uma "deprê", e vi nesta mesma época que não só eu, quase todo mundo que eu conhecia também, momentos de "deprê", todos nós nos encontrávamos na maioria das vezes salientados em nossos sentimentos através das letras de Renato Russo, Dado Vila-Lobos e Marcelo Bonfá, a Legião Urbana, "... então me abraça forte, e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo, temos nosso próprio tempo, não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora! O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido, ninguém prometeu, nem foi tempo perdido, somos tão jovens!".
Mais passado um certo tempo, depois de muitas desiluzões e pinga ou vodka com qualquer coisa, nós acabavamos percebendo que o que faltava não necessariamente era alguém, e sim um objetivo pra se viver, maturidade.
A nova geração de hoje é um "saco", o Presidente Lula em um discurso pois a culpa na mídia, eu também acho que seja, mas a razão maior, pra mim, vem de educação pública precária e total falta de participação familiar no caráter dos filhos.
Voltando a mídia, tudo que a mídia adora vender e mais vende é resultado da exploração do vazio dos jovens de hoje, quer dizer, muitos até passaram desta etapa de "jovem" e estão com problemas adolescentes aos 40 anos ou até mais.
Se vocês perceberem tudo o que faz sucesso ou que vende muito hoje no Brasil, se repararem bem, vão perceber que é a exploração destes "vazios ambulantes", muitos hoje não conseguem fazer nada de bom se não tiver como resultado no final o sexo, aí vemos o mercado faturando alto com músicas de apelos sexuais, mulheres semi-nuas em horários em que crianças estão assistindo tevê, e o maior problema disto não é a crinaça ver uma mulher semi-nua, é que geralmente tem um adulto chamando a mulher de gostosa ou dizendo outras neste sentido em frente à criança, muitos pais já fazem seus filhos com 4, , 5 ou pouquinho mais, a trocarem beijos com outras crianças, beijos na boca, talvez pra reafirmar desde pequeno a sexualidade de seus filhos e filhas, quem não lembra das crianças pequenas dançando É o Tchan ou Cia do Pagode? Todo mundo achava bonitinho a menininha descendo na boquinha da garrafa, com o estrago que fizeram do funk, hoje é pior ainda, a linguagem é bem mais expressa, os movimentos bem mais "putosos" e até as mães estão dançando e ensinando suas filhas, um tempinho atrás era a cargo das tias e amigas da mãe, aí esta geração de hoje, quando chegando aos quinze anos só quer transar e "beijar, beijar, beijar....", pra puta que o pariu o discurso moralista, não é esta a intenção, mas alguém se preocupa com os resultados?
Não são apenas aquele monte de hormônios que as industrias estão pondo em vacas, bois e frangos que andam desenvolvendo estas meninas cedo demais não, a "tábula rasa" anda sendo "rabiscada" muito cedo com cores muito fortes e variadas por todo este lixo de mídia em busca de recordes de vendas e Ibope.
Matarm até a original música sertaneja, a raiz, pois elas falavam de vida no campo, de histórias muitas vezes verídicas e davam lições de moral, subistituiram hoje por um lixo que só fala de sexo e "cornice", com melodias medíocres e cantores mais medíocres ainda, e hoje querem chamar muitos destes de romântico, uma nova forma de se disvincular do povo dos nossos vários sertões.
Não é só neste mundo popular que se descobre o tamanho bestial do vazio de hoje, temos como um grande exemplo o EMO, na minha época já tinhamos Radio Head, mas o vazio da época era salientado mais pelo Nirvana e as chapações excessivas de Kurt Cobain, que praticou o suicídio em meio a tanta droga, "putz", maconha é o que minha geraão mais usava ou usa, além da pinga e vodcka com qualquer coisa, mas nós adorávamos o Kurt porque ele tinha atitudes loucas, pulava em cima da bateria do Dave Grohl e quebrava as costelas, o EMO hoje reclama da vida, reclama do nada, se mostram em sua grande maioría homossexuais declarados ou enrustidos, e tem aumentado também o lesbianismo de forma rápida, nada contra, "cada um no seu quadrado", mas muitos fazem disto um caminho pra se achar, mas talvez, quem sabe, estão se perdendo mais.
Tem alguns resultados deste "vazio sem fim" que estamos vivenciando na pele, as pessoas não andam conseguindo ser felizes consigo mesmas, muitas tem uma obrigação de sugar outras pessoas, amigos, namorados, maridos, companheiros de trabalho. Uma pessoas sentir-se bem por sentir-se bem incomoda estes "vazios ambulantes", então estes taxam de moleques, metidos, entojados, bôbos, alienados,..... e inclusive de pessoas sós ou que escondem algum problema grave, os "vazios ambulantes" só se sentem melhor quando a pessoa que está feliz, ou aparenta felicidade sem que tenha que haver um motivo aparente, de repente se mostra escondendo um grave problema, como estes "vazios ambulantes" estão representando uma parte significativa da população, e da juventude nem se fala, ninguém pode comemorar ou tentar ser feliz apenas por si mesmo, tem que ser feliz por amar/gostar de alguém, por ter sexo, por se drogar, por fazer esportes radicais, por estar ganhando muito dinheiro, mas nunca, nunca mesmo, por gostar de si próprio, é inconcebível.
Temos outra categoria do "vazio ambulante" o religioso, este anda crescendo em demasia principalmente em igrejas evangélicas pentecostais, não que sejam os únicos, mas são uma boa janela pra se entender, eu sou ou fui (nem sei ainda) evangélico, vi uma mudança de comportamento enorme nestes 20 anos, muitos e muitas doutrinas não conseguem viver por Deus. Como o "vazio ambulante" citado acima, Deus não é uma razão pra ser feliz, você tem de ganhar alguma coisa Dele ou você não é abençoado, você tem que prosperar, e não basta na saúde ou psicológicamente, tem de ser dono de algo ou tem um emprego onde ganhe bem, dou agora um relato meu de um culto de uma igreja que ía, nada contra a igreja, de forma alguma, mas seus fiéis fazem a igreja: estava ocorrendo o Culto da Vitória, ocorre todas as quintas, é muito bom, você sai com uma baita injeção de ânimo, pessoas estavam dando seu testemunho de vitória, um dizia que conseguiu seu próprio negócio, os fiéis "Aleluia! Glória a Deus!", outro um emprego onde ganhava bem mais, novamente "Aleluia! Glória Deus!" pessoas choravam e davam grandes brados com as notícias, sentindo-se realmente emocionados com tudo, no finalzinho uma mulher pediu pra falar, ela não estava sendo vista, estava no final da igreja, nos fundos, e a igreja estava muito lotada, o pastor viu e chamou-a, ela disse que estava com câncer terminal e foi curada, o pastor mostrou-se maravilhado na hora, realmente emocionado, só não teve seu sentimento acompanhado pela igreja, a igreja, com excesões de alguns, viu aquele milagre com menos importância que todos os ganhos anteriores, o pastor ficou claramente constrangido e tentou explicar o verdadeiro milagre que tinha ocorrido, mas dava pra sentir a frieza no lugar quanto aquilo, eu observava a tudo e não acreditava, 15 anos atrás com um milagre estes e a igreja corria sérios riscos de cair no chão com tantos brados e choros de alegria, hoje não, hoje você tem de ser próspero ou não é abençoado por Deus, próspero financeiramente, saúde, bem-estar, felicidade não valem.
Estes "vazios ambulantes religiosos" hoje são em nada diferentes aos que compravam terreno no céu, como os católicos romanos, fora que muito ficam obcecados, e acabam jogando toda a esperança em Deus e parando de trabalhar de forma mais séria, de planejar seu futuro com o trabalho, e como dizem: "contando com o ovo no cu da galinha".
Lógico que eu tenho meus momentos de "vazio ambulante" creio que seja a doença do século, afinal eu adoro Los Hermanos, mas tenho uma dica muito boa pra todos que se encaixaram em um destes vazios: psicólogos e psiquiátras.